quinta-feira, 21 de julho de 2011

Marcel Powell Trio / Baden Powell


"Acho que a maior gratificação de um autor é escutar sua melodia ser cantada ou assoviada na rua. Só vou me considerar um compositor de verdade quando isso acontecer. Quando disserem ao ouvir uma música: 'isso é do Marcel Powell'"
Marcel Powell
[ Fonte (frase): marcelpowell.com.br ]


Release Solo
Por Tárik de Souza

O violão brasileiro ganha mais um luminar. Apesar de seus tenros 23 anos, (Louis) Marcel Powell, o filho do grande Baden Powell nascido em Paris, não é propriamente um noviço no ramo. Com o pai gravou dois discos, “Baden Powell e filhos” (quando tinha apenas 15) e “Suite Afro-Brasileira”, ambos ao lado do irmão, o pianista Philippe Baden. Este último só foi lançado no Japão, como, aliás, seu primeiro solo, “Samba novo”, registrado três anos atrás no estúdio AR, da Barra, junto com os amigos Diogo (filho de João) Nogueira, Claudia (filha de Sylvia) Telles, Ana Martins (filha de Joyce) e Marcos Suzano, entre outros. Pela ordem, “Aperto de mão” (Rob Digital) seria seu quarto registro, mas é o primeiro em que ele se vê retratado com fidelidade. “É o disco que tem mais a ver comigo”, separa. 

O repertório foi escolhido de comum acordo com seu produtor e mentor, o também virtuose no violão João de Aquino, aliás, primo de Baden e grande conhecedor de sua obra. “Sempre tive uma identificação muito grande com o João”, conta Marcel. “Gostei muito do tipo de samba que ele toca em seu disco “Bordões”. Sem a formalidade de dar aulas, o João ficou mais ou menos no lugar do meu pai. Nos encontrávamos às duas da tarde e íamos até às 4 da manhã batendo papo sobre violão e tocando juntos. Ele me deu muitas dicas”, decupa. O cartão de visita do novo mestre, “Aperto de mão”, inventaria admirações de seu executante. A começar pela faixa título, que homenageia Jaime Florence, o Meira, professor de seu pai, co-autor da música com Horondino Silva, o Dino 7 Cordas e Augusto Mesquita. Só que o dolorido samba canção original, sucesso de Isaura Garcia em 1943, foi remodelado com vigor. “Gosto de usar muitas escalas e tenho um ataque de notas rápidas que é a maior diferença em relação ao estilo do meu pai”, define Marcel. 

O patriarca ainda é homenageado em “Saudades de Baden”, próximo do samba, arquitetado a partir de um fragmento musical deixado pelo pai, recuperado por João de Aquino. E em “Itanhangá”, choro canção que evoca o bairro onde a família morou no Rio. Mas foi em sua estadia na Alemanha que Marcel decidiu-se pela carreira musical. 

- Em princípio, o papai não queria que eu e meu irmão fôssemos músicos. Mas o Philippe ganhou um violão. E eu aos cinco anos estudei violino com professor alemão. Tocava clássico, lia partitura, mas acabei encantado pelo violão. Peguei o instrumento do meu irmão e comecei a praticar. Quando achei que já sabia tocar alguma coisa, chamamos o papai e eu no violão e o Philipe já no piano atacamos de “Yesterday”, dos Beatles. Papai veio, corrigiu minha posição nas cordas, mas não queria ser o meu professor. Dizia não ter paciência para ensinar. Quando viu porém, que o interesse era forte ele se empenhou. Prometeu pegar pesado. E dos 9 aos 18 anos, quando ele faleceu, era aula todo dia, das 9 da manhã até o almoço. Virei escravo do violão. 

O jugo paterno deu frutos. Ouça-se “Prelúdio das diminutas”, homenagem a Villa Lobos, feita aos 11 anos em parceria com Baden. “Papai fez a maior parte, só acrescentei uma coisa ou outra”, replica modesto. Do outro mestre, João de Aquino, ele escolheu a ebuliente “Dia de feira” (com Jesus Rocha). Admirador do compositor João Bosco, a quem conheceu numa festa e chegou a pedir um autógrafo, embora tenha ficado tímido para uma aproximação maior, gravou “Desenho de giz” (com Abel Silva). A música saiu de um “Ao vivo” do compositor muito ouvido por Marcel quando estava em temporada no Tahiti. De uma gravação da cantora Leny Andrade com o guitarrista Romero Lubambo ele pescou o samba endiabrado de Ivan Lins “Essa maré” (com Ronaldo Monteiro de Souza), mais um autor de seu altar de admirações. Sua valorização dos compositores tem a ver com a formação musical recebida, onde a criação é o mais importante. 

De preferência, Marcel gostaria que sua criação pairasse no tempo como algumas das mais antigas composições arroladas no repertório. Como “Último desejo”, da lavra de Noel Rosa de 1937. Uma gravação do violonista Marco Pereira com a cantora Gal Costa, que ouviu numa turnê na França em 2002, chamou-lhe a atenção para as possibilidades de arranjo da música, a que acrescentou uma pegada vigorosa mas com espaços para reflexão. Já “Rapaz de bem”, escrita por Johnny Alf em 1953, muito antes da bossa nova, ganhou uma releitura de toques vertiginosos que vão descortinando aos poucos a melodia sinuosa. “É uma música atemporal. Parece que foi feita agora, não é datada”, elogia. Por conta de sua formação essencialmente voltada para a MPB, ele revisitou também o clássico “Evocação no. 1”, de Nelson Ferreira, sucesso nacional no carnaval de 1957. “O frevo é um ritmo brasileiro muito forte e pouco divulgado. E ao mesmo tempo é um desafio enorme para o executante”, descreve. 

Sua fidelidade à cultura nacional, no entanto, não deságua em xenofobia. Tanto que o tema jazzístico “Round midnight”, do pianista Thelonious Monk (com Cootie Williams e Bernie Hanighen) também foi incluído no CD. “Toda música tem que me dizer alguma coisa. Me deixar excitado ou triste. Quando ouvi meu pai tocando essa música num programa na França comecei a chorar. Ela me emocionou muito”, garante Marcel. Sua releitura do tema tem uma passagem quase seresteira, explorando tanto a pungência quanto o estranhamento do tema em densas camadas de acordes. O CD de MP tem essa duplicidade de intensidade e urgência. “Acho que o ideal é o músico poder dar seu recado no tempo que tiver no palco ou no estúdio para fazer passar a beleza da música, o sentimento colocado nela e sua habilidade como instrumentista”, ensina Marcel Powell. “Aperto de mão” reúne os três quesitos e o consagra como jovem mestre do violão brasileiro. 



 Release Trio


 Novo CD de Marcel Powell  Trio


O quinto CD do violonista Marcel Powell, lançado em 2009 pelo selo Rob Digital, produzido pelo amigo e guitarrista Victor Biglione, com arranjos do próprio artista, contém 10 faixas em que interpreta variados estilos musicais, que vão desde Lamartine Babo, de l937, até o jazz atual, passando por clássicos da música popular brasileira. 


Denominado “Corda com Bala”, o CD apresenta em violão solo duas composições de seu pai Baden Powell, que se destacam: a primeira um choro-canção, denominado “Chora Violão”, onde o compositor homenageia o colega e virtuoso do instrumento Rafael Rabello, e a segunda – inédita – “Abraço no Trio Elétrico”, feita especialmente para o amigo e bandolinista Armandinho. Esta música é considerada um choro de difícil execução, que nos remete a outros tradicionais, como “Desvairada”, de Garoto, grande compositor e violonista anterior a Baden. 


Marcel Powell, nascido em Paris, em l982, mas registrado brasileiro, foi iniciado no violão aos nove anos de idade, tendo Baden como professor. Aos 12 anos, com seu irmão Philippe, no piano, teve a experiência da primeira gravação ao lado de seu pai. Três anos depois, lançaram outro CD em Tóquio, no Japão. 


O novo CD de Marcel Powell tem ainda uma faixa de sua autoria, denominada “Lamento Fluminense”, lembrando a cidade Varre-Sai, em que nasceu seu pai. Nas outras nove faixas interpreta autores desde Lamartine Babo – “Serra da Boa Esperança”, quando executa um arranjo em que beira o ritmo afro, sugerido pelo tio-primo João de Aquino. É de se destacar que este, também um virtuoso do violão, foi o responsável pela produção vitoriosa de “Aperto de Mão”, disco anterior de Marcel. 


Tom Jobim também marca presença no CD em “O Morro Não tem Vez”, um arranjo em que Victor Biglione brindou o artista ao dar algumas sugestões. Mas uma faixa com “Cry me a River”, de Justin Timberlake, sucesso na voz da cantora Diana Krall, entrou no repertório sem estar prevista. Não foi por acaso, portanto, que Marcel, admirador da música, foi muito feliz ao remodular o arranjo para uma pegada violonística bem brasileira, de leves sotaques jazzísticos, com direito a um excelente solo do baterista Sandro Araújo, seu freqüente companheiro nos shows. 


Com igual esmero completam o CD “O Dia em que Faremos Contato”, de Lenine (conta Marcel que teve a idéia de aproveitá-la em uma faixa, “porque nunca ouvi gravação instrumental de uma música deste compositor nordestino”), “Lamento Sertanejo”, de Gilberto Gil e Dominguinhos, e “Feira de Mangaio”, de Sivuca e Glória Gadelha - um “pout-pourri”, onde o instrumentista demonstra incomparável virtuosismo, que podemos afirmar ser fruto de suas aulas com o mestre Baden. 


Com este CD, sem dúvida nenhuma, Marcel Powell, sem esquecer suas raízes, enfatiza com o seu violão um caminho profissional autêntico, sem rótulos ou comparações com outros igualmente virtuosos do instrumento. Também é lícito destacar a atuação invulgar do baixista André Neiva, que já acompanhou renomados artistas como João Bosco, Leo Gandelman e Márcio Montarroyos, entre outros, e do baterista Sandro Araújo, que também já atuou com Sivuca, Dominguinhos e Hermeto Pascoal, que dão brilho especial na formação do trio neste CD. 


Para divulgar seu novo CD, Marcel Powell vai cumprir extensa tournée, com apresentações em várias cidades pelo Brasil, viajando depois para França, Itália, Espanha, Áustria, Alemanha e Japão.


Download Português .

Discografia

Baden Powell e Filhos - 1994
Baden Powell Suite Afro Consolação - 1997 /Japão
Samba Novo - 2002 /Japão
Aperto de Mão - 2005
Marcel Powell Trio - Corda com Bala - 2009
A Bossa de Billy Blanco - Participação Especial - 2003
Que Falta você me Faz - Participação Especial - 2003
Cauby Canta Baden - Participação Especial
Marianna Leporace Canta Baden - Participação Especial - 2005

[ Fonte: Site oficial - marcelpowell.com.br ]

[ Editado por Pedro Jorge ]


SAIBA MAIS

Site oficial - marcelpowell.com.br


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